um blogue à deriva

19/03/11

o homem sem cabeça

Acordou num provavelmente belo dia, já a horas de chegar tarde ao trabalho, e deu conta que não tinha cabeça. Mas que estupidez, como é que uma pessoa — para mais homem — sem cabeça pode fazer algo tão complexo como acordar e, ainda por cima, dar conta disso. Pois foi exatamente o que ele pensou, embora sem lhe passar pela cabeça, uma vez que a não tinha. E então, convencido da irracionalidade desta sua perceção, que atribuiu aos medicamentos, saiu para a rua assim mesmo, sem cabeça. O escândalo, os delíquios, os boquiabertos, a intervenção das forças de segurança e a presumida supressão do seu resto, para acertar a realidade do seu todo à ausência da parte: não se falou de outra coisa durante duas semanas, até que o reaparecimento do homem com meias medidas o devolveu ao merecido esquecimento.

palavras no radiograma
fotografia de Brad Kim

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