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A primavera mostra-se deserta.
A valeta, de um escuro aveludado,
rasteja ao meu lado
sem reflexos.
A única coisa que brilha
é o amarelo de flores.
Sou levado na minha sombra
como um violino
no seu estojo negro.
O que quero dizer
tremeluz fora do meu alcance
como prata
em montra de casa de penhores.
50 Poemas, Relógio d'Água, 2012
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