falo-te
falo-te da luz que me cega até ao alívio do ocaso
do vento gelado que prende os pássaros ao chão e
verga os homens sob o peso do céu
tão baixo
as chaminés das casas a furarem as nuvens como os ossos
à pele...
não te conto das cores que não passam de feridas que a
luz arranha e os homens nomeiam
com o desacordo do costume
onde vês branco eu digo página
e o teu negro é para mim um mapa a prometer
caminhos…
interessam-me pouco as flores
menos as que ofereço
e a memória dos cravos
e a memória que os cravos recordam
quando o tempo cheirava a futuro e os dias
não se esgotavam
como um casaco no fio a revelar a geografia dos ossos…
embrulho-me no Inverno contra o excesso de cor
a mão na mão do frio e o vento
é o guia que conduz o chão
até ao aconchego dos meus passos
pelos caminhos seguros da noite…
Tão bonito, querido Zé.
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